quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Sistema de Educação Feudal





Desde minha pequenês venho passando por vários métodos de ensino: cátedra, behaviorista, skineriana, etc... (imagina a cabeça dessa geração???) Devido a história da educação brasileira, infelizmente, ter sido construída de forma autoritária e alienada, com a iniciação pela escola cristã, passando pela autoritária, até chegar hoje onde estamos, com PCN (Parâmetro Curricular Nacional) desenvolvido numa perspectiva vygostiskyana e piagetiana, que sem dúvidas para quem prima por uma educação emancipadora e de inserção social, essa perspectiva é o norte coerente.

Mesmo com todo esse aparato de embasamento teórico, ainda temos um problema maior, comodismo e falta de atualização curricular dos (as) professores (as) que estão na rede pública a mais de 15 anos numa sala de aula. Esse é um dos aspectos que vem corroborando com a violência na escola e na sociedade, professores (as) despreparados (as) que não formam indivíduos, formam verdadeiros (as) aliens, mantendo o ciclo vicioso dos (as) jovens entre a vida no crime e a cadeia ou a morte, ou então a manutenção das formas de repressão legitimadas pelas próprias criaturas de forma alienada, como o paternalismo, machismo, homofobia, discriminação étnica etc...

Chego então no ponto principal de minha reflexão - “Sistema de Educação Feudal” que nada mais é o estado inerte de professores (as) desprovidos (as) de preparo psicológico e cognitivo para formar cidad@s emancipados (as) e autônomos (as), cujo principal função é manter inconscientemente, através de um poder superior, os pólos distantes, oprimidos (as) e opressores (as), caracterizando-se num legítimo DOI-CODI da educação.

A falta de renovação e/ou ampliação de educandos nas redes municipal e estadual não vêm sendo realizada de acordo com as necessidades, enquanto na gerêcia regional de educação do estado uma pilha de recém formados inscritos para vagas de ACT’s (Admitidos em Caráter Temporário), ou seja, vamos esperar licença prêmio ou mais um (a) professor (a) surtar, porque dramim é o remédio mais consumido na classe educacional.

Em contra-partida a politicagem na educação (outro tema que deve ser pautado com exclusividade), uma nova leva de licenciados (as) com a energia de quem saiu para “transformar o mundo” (força de expressão) contam com a sorte de não encontrar um (a) profissional que é formado (a) em direito há mais de 20 anos, mas tem padrinhos ou madrinhas inseridos (as) no sistema e acabam dando aula de qualquer coisa que aparecer, furando a fila e a esperança de novos (as) educandos (as). [1]

Eu gostava da Dona Alcimira, da Dona Rose, Dona Neuza... Mas naquele tempo eu não tinha idéia o quanto isso iria me reprimir futuramente. Eram professoras que também tinham o papel de mãe, agiam com muito carinho e às vezes com pulso firme, mas por outro lado tinha Dorotil, Elisa, Cecília, Rosane... Que estavam no tempo da régua na mão, cheirar lousa ou ficar de pé em frente esta de castigo... Eu passei por isso tudo no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. E é fato que muitas destas professoras estão dando aula ainda, outras morreram ou piraram de uma vez, pelo menos eu sei de umas quatro que ainda resistem ao tempo.

Minha adolescência não foi exemplar, e hoje compreendo que não fora por não me enquadrar aos métodos de repressão que tive, seja nos meios de educação e até mesmo por ter me desenvolvido socialmente em meio às pessoas reprimidas pela sua geração antecessora, porém não é o único motivo de ter uma adolescência tão precoce e um amadurecimento tardio.

A pergunta que fica é: Até quando isso resistirá???
[1] Na época em que eu estudava no ensino médio, tive aulas de língua portuguesa com um advogado criminalista.

Imagem: http://blogdofavre.ig.com.br/2008/03/verdades-2/