segunda-feira, 5 de maio de 2008

Dispertar para o mundo real



Muito inseguro e indeciso eu vou postar aqui coisas sobre minha vida desde os 23 anos, que acabou me propiciando uma visão de mundo mais ampla, foi numa leitura um tanto que teórica, incrivelmente, acabei me identificando muito com o texto, são os Ensaios Sobre Consciência e Emancipação de Mauro Luis Iasi que comprei na feira do livro esse ano de 2008.



Com pouco mais de 20 anos de idade descobri algo que poderia mudar o rumo da minha vida, por meio de atitudes e idéias, a tal da consciência social, que diz respeito às minhas responsabilidades como cidadão que sou bem como sujeito partícipe e também construtor da história.



Para fazer qualquer abordagem a respeito da consciência social, é mister conceituar consciência, segundo Iasi a consciência é um processo - “Falamos em processo de consciência e não apenas consciência porque não à concebemos como uma coisa que possa ser adquirida e que, portanto, antes de sua posse, poderíamos supor um estado de ‘não-consciência’” (IASI: 2007). O autor aprofunda a discussão em torno deste processo, dividindo-o em Primeira forma de consciência – onde o indivíduo após o nascimento, em seu desenvolvimento, acaba aspirando valores morais e tradicionais da família (ver também em Freud – complexo de ID), como se constrói essa “Primeira Consciência”, bem como a alienação e a ideologia, conceituando-as e discutindo as contradições delas a partir do indivíduo e a realidade com o seu meio.



Num segundo momento, é onde eu quero chegar, com relação à consciência social, ele parte da problemática da consciência revolucionária e a crise do indivíduo quando se descobre ator da história e cidadão, a desconstrução dos pensamentos até então originais ao desenvolvimento, a temporalidade como barreira e/ou superação, enraizada na cultura das mais tenras gerações antecessoras.



O fato é que o indivíduo nasce numa cultura de valores morais da burguesia imposta há muito tempo, sem escolha ele acaba reproduzindo aquele mesmo arquétipo de valores inexoravelmente arcaicos, que futuramente porá limites nas escolhas que o fará para sua vida.



Sem dúvidas, esse quadro é delicado, uma vez que aqui se fala de uma maioria de indivíduos que pertencem, ou a famílias de classe média conservadoras, ou às famílias de classes inferiores. Mais complicado ainda é preparar indivíduos transformadores, Bakunin aponta para a problemática da emancipação como fundamental meio de transformação, propondo Instrução Integral, levando em consideração as mesmas oportunidades para as classes, inferindo ainda, a questão da mão-de-obra pesada como meio de controle da classe dominante sobre a classe dominada.



Nesse sentido, podemos afirmar que a manutenção do Statu Quo depende da capacidade subjetiva de emancipação, que está diretamente relacionada à educação e as oportunidades que as classes “A” ou “B” previlegiam-se numa determinada estrutura política, econômica e social, é fácil também afirmar que tais privilégios apenas contemplam a parcela menor da sociedade - a burguesia.


Diante de todo esse discurso, confesso que ainda não tão consistente, mas abreviado e humilde, devo entrar na questão mais pessoal, a de que a prática se resume em muito pouco perto do que desejo, como militante ou educador (estudando para isso), mais particularmente ainda, posso dizer que reluto contra a alienação e a mentalidade concebida em minha infância e adolescência, é a parte mais difícil para qualquer pessoa que se identifique com essas questões, que vivenciou ou vivencia. Essa crise me impede de fazer mais por mim, pelo que desejo e por um mundo mais justo.



A intenção aqui é expressar meus sentimentos com relação às condições que estamos sujeitos. Compartilhar essas observações, mesmo que sucintamente, é um privilégio de poucos, e o mais importante; as pessoas que lerem o texto, não esqueçam que o espaço é para discussão também, que façam análises e críticas do discurso, complementem, corrijam, pois desta forma será mais construtivo para todos.



IASI, Mauro Luis. Ensaios Sobre Consciência e Emancipação. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

A Força


A ordem que empobrece as pessoas

É a mesma que enriquece outras

A vida passa tão depressa

Não há tempo para lamentos

O vento sopra os mesmos acontecimentos

Desabam tetos de ilusões

Tudo que sobrou foram sonhos

Na realidade o amor ainda insiste em zelar

A união que persiste em ficar

Enquanto eles pensam que estamos falidos

Fortaleceremos-nos de sentimentos

Somaremos nossas virtudes

Implantaremos radicais atitudes

Não cairemos diante de vossos pés

Resistiremos a toda inércia

Proliferada e dissimulada

Porque temos coragem para enfrentar

A força que teima em nos controlar


Eloperdido

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

"O que os olhos vêem, o coração não sente"


Diante desse título pessimista, eu quero humildemente apresentar uma breve canção que conota alguns problemas relevantes à geração superficial¹ e neoliberal existente hoje nas entranhas desse mundão.


Vendas...

Vendas tua miséria
Vendas tua ganância
Vendas tuas terras
Vendas tuas finanças

Vendas tua história
Vendas todo teu corpo
Vendas tua memória
Vendas teu sofrimento

Vendas tua moral
Vendas tua verdade
Vendas teu ideal
Tua única liberdade

Vendas tua idéia
Vendas tua maldade
Vendas tua escravidão
Vendas teu caráter

Vendas tua esperança
Vendas tua saudade
Vendas tuas lembranças
Tua humanidade

Vendas! Venhas vendar meus olhos;
Pois nada que vendo tem preço;
E nada vejo sem óculos.


(Eloperdido)


1 - Termo (de minha autoria, nada em relação ao "mundo despessoaliado" ver em: o mundo de giselle)
referente às situações e posturas da sociedade pós-moderna.
Imagem no: http://www.decoradoronline.com.br/boas_ideias/imagens/consumo.jpg

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Últimos Informes

Gravação no Estúdio (11/12/2007)

Nesses últimos dias não fiz sequer uma publicação para explicar porque não estava escrevendo, motivo: A banda na qual integro estava em processo de gravação, divulgação para o show que aconteceu no último dia 15 e correrias para que tudo corresse nos conformes.

E acabou correndo, não como planejado, mas os principais objetivos foram devidamente alcançados, que foram as gravações e o myspace para divulgação e o show com as bandas divulgadas. Um show divertido para a maioria que lá estava, isso nos trouxe muito entusiasmo para trabalharmos ainda mais no aprimoramento das canções e performance no palco.

Quero aproveitar para fazer aqui um agradecimento especial a todos (as) que sempre estão nos apoiando, e dizer que vocês fazem parte da banda, pois estas pessoas nos dão toda a motivação possível para acreditarmos na banda.

Em breve publicarei aqui um Manifesto Cultura Monstro, com fundamentação teórica, um conceito e uma proposta social.

Vou deixar os links para ouvir as músicas e saber um pouco mais sobre a banda:

http://www.fotolog.com/culturamonstro4
http://www.myspace.com/culturamonstro
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=42476885
culturamonstro@yahoo.com.br

Entrevista com a banda:
http://vivonacidade.blogspot.com/2007/12/entrevista-cultura-monstro.html

Aproveito para indicar esse blog (Vivo Na Cidade), uma visão de mundo sempre voltada na inclusão social.

imagem por: Maikon Jean Duarte

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ska Para Ninguém Por Defeito



Essa vai de referência para quem gosta de ska - Los Tres Puntos - uma banda francesa que também canta em espanhol e inglês. Esse ano completou 10 anos de vida underground, mais uma banda resistindo à indústria musical, e mostrando que pode sim criar músicas de qualidade sem ajuda do mercado.

São 18 albuns que a banda coleciona desde 1997, quase 2 albuns por ano, isso que é produção independente. A levada ska anti-facista, tem característa própria, um ska com direito à metais e teclado. As melodias são energéticas que causam sensação de alegria ao ouví-las.

Outra característica que também chama atenção são as produções artísticas com desenhos (acima uma mostra), estampados nos encartes, no site e no myspace tembém podem ser encontrados, com propriedades particularmente animadoras, assim como suas músicas.


Vale à pena fuçar, recomendo!

Vai uma letra:

LOS TRES PUNTOS
Album « Si oh » - 2003
Niños de la calle

La populación vive en un montón de basura
Segregación urbana ocasiona la exclusión social
La legalidad cubre la ilegalidad
Tu niño que escapas
A las rondas policíacas
Pero nunca te alejaras
De esta espiral

Estos no viven con nada
Y no tienen nada que vivir
Marginales que molestan
La alta sociedad

Escuadrones de la muerte
Buscan delincuentes
Ejecutivos recompensados
Por la impunidad

Maltratar, droga, sexo
Prostitución, incesto
Privado de alegrías infantiles
Hacer lo que quieres
En el mundo de donde vienes
Es tu único deseo
De hoy en día

quem quer só ouvir uma palhinha:

Obs.: No site além de os caras disponibilizarem videos e mp3, contam até uma história do ska, o legal é que a história é contada do ponto de vista não norte-americano, como geralmente é contado, por isso não falam de Operation Ivy.
Créditos da imagem - Los Tres Puntos.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

"Migrantes": Por um teatro construtivo.


Joinville nesses últimos anos vem ampliando o espaço para as artes, e com isso o teatro está se sobressaindo como opção de entretenimento, e mais do que isso, uma forma de conhecer e analisar questões pertinentes à cultura construída até hoje na cidade.

Estou falando do último espetáculo realizado pela Companhia Dionísos de Teatro, que no seu décimo ano apresentou a peça “Migrantes”, que veio somar em seu repertório, como a 12ª montagem.

Tenho aqui muitas razões para postar e analisar essa produção, mas o motivo principal é a questão da perspectiva da peça em si, o trabalho do diretor e autor Silvestre Ferreira e sua companhia vai além de produzir arte pela arte, é fazer com que o espetáculo tenha mais vida, ocasionando numa função social, principalmente para a população de Joinville.

A principal fundamentação da peça foi entrevistas de migrantes, que em Joinville vieram a partir da década de 1970, no boom migratório, um fenômeno que transformou a cidade na maior e mais habitada de Santa Catarina. É importante citar aqui O Laboratório de História Oral da Univille, e a coordenadora Raquel S. Thiago como um eixo entre o projeto da peça e as fontes que serviram de base para a temática da produção.

A questão é: quando se tem entrevistas como base para produção, especificamente essa, remete às memórias, e assim histórias de vida que sucederam no período que agitou a cidade de Joinville no âmbito sócio cultural, bem como econômico.

Nesse sentido, temos uma adaptação teatral para questões relacionadas à história de Joinville, e histórias que contribuíram para a configuração cultural da cidade hoje. Se analisarmos do ponto de vista social, temos questões relevantes causadas pelo fator migração, que são as discriminações e preconceito cultural, ou melhor, a resistência de joinvilenses naturais aos indivíduos que aqui não nasceram, ou que tem descendência em outro estado e/ou cidade.

A apresentação mostrou o microcosmo da história não contada de Joinville, memórias de pessoas que saíram de situações miseráveis, e que aqui encontraram uma oportunidade de trabalho e com isso construíram uma vida mais digna, obtiveram suas próprias casas, e condições de criar seus filhos sem passar fome, ou em outras situações, como acontece na peça, histórias de amor e de conquista.

Mas o ponto principal foi à interação entre os atores e a platéia, que no meu ponto de vista, é o auge do teatro, e só aconteceu devido às relativas identificações dos espectadores perante às interpretações dos atores. É dessa forma que o teatro vai funcionar realmente como deve, é só dessa forma que a arte funcionará como estímulo à reflexão e ao respeito às diversidades culturais, fazendo com que indivíduos compreendam outras situações de vida, ou nesse caso, que não continuem reproduzindo a discriminação e exclusão que, principalmente, os bairros mais afastados de Joinville vêm sofrendo com o poder público e as mídias locais.

Esse espetáculo também ganhará mais força quando apresentar-se nas comunidades construídas a partir das migrações desde 1970. Quero novamente chamar a atenção para a alienação que a sociedade se submete, se até 1970 tínhamos pouco menos de 200 mil habitantes, em quase 40 anos esse número aumentou para 600 mil, quer dizer que não somos uma cidade germânica, e que Joinville não é, e nunca foi cidade dos Príncipes. Somos uma cidade com uma diversidade cultural equivalente às grandes metrópoles do Brasil, não em número, mas em proporções, e que façamos desta uma cidade mais humana e menos fria em relação aos bairros ocupados pelas multidões que não tiveram outra escolha a não ser vir atrás de uma nova vida, uma nova terra.



Para quem não assistiu ao espetáculo, fica a dica para a próxima temporada.



Link para A companhia: http://www.dionisosteatro.com.br/
Foto:http://cidadecultural.blogspot.com/2007/12/migrantes-da-dionisos-teatro-toca-pela.html

domingo, 2 de dezembro de 2007

Dia 15/12


Mais uma vez Cultura Monstro se apresenta no Old
Music Bar, mas desta vez a divulgação já está sendo
feita com 2 semanas de antecedência, a festa será
regada com diversidade musical, para quem gosta de
diferenças no mesmo ambiente, esta será propícia.






Todos estão convidados para esse evento!